01 outubro, 2016

4 | No princípio era a Palavra… e a Palavra era Deus


No princípio era a Palavra, e a Palavra estava com Deus, e a Palavra era Deus. Aquele que é a Palavra sempre esteve com Deus. Criou tudo o que existe e nada existe que não tenha sido feito por ele. Nele está a vida eterna, e essa vida dá luz a toda a humanidade. A sua vida é a luz que brilha nas trevas, e estas nunca poderão pôr fim a essa luz. (João 1:1-5; OL)

Nas reflexões 3 olhámos para a autoridade, importância e suficiência da Palavra de Deus e terminámos lembrando que, como a própria Palavra nos ensina, devemos ser praticantes e não apenas ouvintes da mesma. Não esquecendo esta última consideração, iremos, no entanto, aprofundá-la apenas em futuras publicações. Por agora, nesta reflexão, vamos olhar para qual é a principal mensagem da Palavra, e para onde, ou melhor, para Quem as Escrituras apontam.
__________

Inclinar-me-ei para o teu santo templo e louvarei o teu nome, pela tua benignidade e pela tua verdade; pois engrandeceste a tua palavra acima de todo o teu nome. (ARC)
Voltado para o teu santo templo eu me prostrarei e renderei graças ao teu nome, por causa do teu amor e da tua fidelidade; pois exaltaste acima de todas as coisas o teu nome e a tua palavra. (NVI)
Em direção ao teu santo templo, darei honra ao teu nome, por causa da tua bondade, por causa da tua fidelidade, pois puseste a tua palavra acima de todas as coisas. (OL)

Embora parecendo fora de contexto com o tópico proposto para hoje, decidimos iniciar esta reflexão recordando, em diversas traduções, um dos trechos bíblicos mais incisivos acerca da importância da Palavra de Deus, e que já foi citado na publicação anterior (Salmos 138:2).
Ainda que o texto na língua original não seja de fácil interpretação, dando origem a traduções com algumas nuances, no entanto, resulta coincidente entre elas o elevado valor da Palavra de Deus: colocada acima de todas as coisas ou colocada ao mesmo nível do nome de Deus!
E iniciamos a atual reflexão reafirmando esta verdade, porque vivemos dias preocupantes, mesmo dentro da própria comunidade cristã, em que cada vez mais impera o relativismo sobre as questões bíblicas fundamentais, em que as preferências e experiências pessoais se sobrepõem à autoridade e suficiência da Palavra de Deus, e em que se escutam, com demasiada frequência, afirmações que não passam de meras conjeturas sem qualquer sustentação no texto das Escrituras, às vezes mesmo contrariando inequivocamente os ensinos bíblicos mais elementares, historicamente afirmados e reafirmados por gerações de cristãos desde a igreja primitiva instituída sobre o testemunho dos Apóstolos e a confirmação do Espírito Santo.
Daí que nunca seja demais relembrar este elevado testemunho do próprio texto bíblico sobre o valor e importância da Palavra de Deus!

Feito este reforço, vamos ao tópico hoje proposto, cujo texto introdutório é retirado do conhecido início do evangelho segundo o apóstolo João:
No princípio era a Palavra, e a Palavra estava com Deus, e a Palavra era Deus. Aquele que é a Palavra sempre esteve com Deus. Criou tudo o que existe e nada existe que não tenha sido feito por ele. Nele está a vida eterna, e essa vida dá luz a toda a humanidade. A sua vida é a luz que brilha nas trevas, e estas nunca poderão pôr fim a essa luz. (João 1:1-5; OL)

Tomando, então, como ponto de partida este excerto das Escrituras, vamos procurar refletir sobre a seguinte questão fundamental:
– Qual a mensagem central da Bíblia? Ou, colocado de outra forma, do que, ou de Quem, nos falam as Escrituras?
Questão que lhe sucede, também ela de capital importância:
– Qual a implicação disso para a nossa vida?

Como iremos constatar ao longo dos textos bíblicos apresentados, as respostas as estas questões giram em torno do seguinte:
A principal mensagem da Bíblia é a revelação de Deus, por meio de Jesus Cristo! A Palavra mostra-nos Deus, o seu amor, o seu coração, os seus caminhos e a sua vontade, através da revelação do seu Filho!
Tem como propósito a nossa transformação, para trazer-nos de volta a Deus o Pai, por meio de Jesus seu Filho, o qual é Senhor e Salvador.
Em suma, a Palavra aponta para Cristo e a Palavra é Cristo!

Sendo o propósito deste blogue refletir em torno dos textos da Bíblia, deixando acima de tudo a Palavra falar por si mesma, competindo-nos apenas fazer de ‘timoneiro’ enquanto navegamos pelo ‘rio’ das Escrituras, importa referir que sobre o tema proposto são imensos os textos que poderiam ser citados, pois por toda a Palavra podemos encontrar imensas referências diretas ou indiretas que apontam para o Senhor e Salvador Jesus!
Nesta reflexão iremos enumerar alguns excertos que, mais diretamente, ou mais claramente, identificámos com o tópico escolhido.
Na citação que começámos por apresentar, retirada da abertura do evangelho escrito pelo apóstolo João, podemos verificar que Aquele que era/é a Palavra estava com Deus, era/é Deus, criou todas as coisas, sem Ele nada existe e nEle está a vida eterna. E, mais um pouco à frente, o apóstolo escreve:
Aquele que é a Palavra tornou-se carne e viveu entre nós. Vimos a sua glória, glória como do Unigênito vindo do Pai, cheio de graça e de verdade. (João 1:14; NVI)
A Palavra tornou-se homem e viveu aqui na Terra entre nós, cheio de amor e perdão, cheio de verdade. E vimos a sua glória, a glória do Filho único do Pai. (João 1:14; OL)

Ainda, na abertura da 1.ª carta de João, pode ler-se:
O que era desde o princípio, o que ouvimos, o que vimos com os nossos olhos, o que contemplamos e as nossas mãos apalparam – isto proclamamos a respeito da Palavra da vida. A vida se manifestou; nós a vimos e dela testemunhamos, e proclamamos a vocês a vida eterna, que estava com o Pai e nos foi manifestada. (1Jo 1:1-2; NVI)
Aquele que é desde o princípio, nós mesmos o ouvimos e vimos. Nós o vimos com os nossos olhos e tocámos-lhe com as nossas próprias mãos. Ele é Jesus Cristo, a palavra da vida. Ele é a vida manifestada. Ele, que é a vida eterna que estava com o Pai, foi-nos revelado, e somos testemunhas de que o vimos. Isso vos anunciamos. (1Jo 1:1-2; OL)

No livro de Apocalipse (ou Revelação), num trecho que nos fala da vinda do Senhor Jesus, podemos ler:
E vi o céu aberto, e eis um cavalo branco; e o que estava assentado sobre ele chama-se Fiel e Verdadeiro; e julga e peleja com justiça. E os seus olhos eram como chama de fogo; e sobre a sua cabeça havia muitos diademas; e tinha um nome escrito, que ninguém sabia senão ele mesmo; E estava vestido de uma veste salpicada de sangue; e o nome pelo qual se chama é a Palavra de Deus; (Apoc. 19:11-13; ARC)
Então vi o céu aberto e apareceu um cavalo branco. O cavaleiro chama-se Fiel e Verdadeiro. Ele julga e combate com justiça. Os seus olhos eram como chama de fogo e na sua cabeça tinha vários diademas. Na sua fronte estava escrito um nome que só ele conhece. Estava vestido com um manto embebido em sangue e o seu nome é Palavra de Deus. (Apoc. 19:11-13; BPT)

Fica claro, pelas citações apresentadas, que Jesus é chamado a Palavra de Deus, cujo alcance e sentido total desta constatação não cabe nesta curta reflexão. Assim, ao conhecermos as Escrituras, conhecemos a Cristo!

Igualmente, como vamos ver seguidamente, toda a Bíblia nos fala dEle, Jesus, o Filho de Deus, sendo essa a sua principal mensagem (as citações são da versão ARC exceto onde indicado diferente):
Filipe achou Natanael e disse-lhe: Havemos achado aquele de quem Moisés escreveu na Lei e de quem escreveram os Profetas: Jesus de Nazaré, filho de José. (João 1:45)
[…] Depois de ter ressuscitado, os discípulos lembraram-se destas palavras e compreenderam que a frase que ele tinha citado das Escrituras dizia respeito a si próprio. (João 2:22; OL)
Examinais as Escrituras, porque vós cuidais ter nelas a vida eterna, e são elas que de mim testificam. (João 5:39)
E, começando por Moisés e por todos os profetas, explicava-lhes o que dele [Jesus] se achava em todas as Escrituras. (Lucas 24:27)
E disse-lhes [Jesus]: São estas as palavras que vos disse estando ainda convosco: convinha que se cumprisse tudo o que de mim estava escrito na Lei de Moisés, e nos Profetas, e nos Salmos. (Lucas 24:44)
Então, Filipe, abrindo a boca e começando nesta Escritura, lhe anunciou a Jesus. (Atos 8:35)
Porque com grande veemência convencia publicamente os judeus, mostrando pelas Escrituras que Jesus era o Cristo. (Atos 18:28)
Porque primeiramente vos entreguei o que também recebi: que Cristo morreu por nossos pecados, segundo as Escrituras, e que foi sepultado, e que ressuscitou ao terceiro dia, segundo as Escrituras, […] (1 Coríntios 15:3-4)
Paulo, servo de Jesus Cristo, chamado para apóstolo, separado para o evangelho de Deus, o qual antes havia prometido pelos seus profetas nas Santas Escrituras, acerca de seu Filho, que nasceu da descendência de Davi segundo a carne, […] (Rom 1:1-3)

Ainda, referindo-se a Jesus Cristo:
Pelo que também na Escritura se contém: Eis que ponho em Sião a pedra principal da esquina, eleita e preciosa; e quem nela crer não será confundido. (1 Pedro 2:6; ARC)

E se a Palavra nos revela a Cristo, também Cristo nos revela Deus, o Pai:
Disse-lhe Jesus: Estou há tanto tempo convosco, e não me tendes conhecido, Filipe? Quem me vê a mim vê o Pai; e como dizes tu: Mostra-nos o Pai? (João 14:9; ARC)

Demonstrado que fica que as Escrituras falam e apontam, acima de tudo, para Jesus Cristo, qual é então a implicação disso para a nossa vida?
Bom, se é apenas por meio do conhecimento e da fé em Jesus que podemos ser salvos, pois em nenhum outro há salvação (como a Bíblia também extensivamente nos ensina, o que deixaremos para demonstrar numa próxima publicação), se conhecendo o Filho conhecemos o Pai, e se as Escrituras nos revelam esse Filho como Cristo a Palavra viva, então devemos persistir continuadamente em conhecer o que a Bíblia nos ensina, pondo-o em prática, pois assim conheceremos a Deus, quer ao Pai, quer ao Filho!

E como as Escrituras também insistentemente nos ensinam (falámos disso nas reflexões 3) não existe outra revelação credível de Cristo além da própria Palavra de Deus, pelo que na medida em que a conhecermos e lhe obedecermos será a medida em que conhecemos e obedecemos a Deus.



Versões/traduções da Bíblia utilizadas:
ARC: Almeida Revista e Corrigida (2009); Sociedade Bíblica do Brasil.
BPT: a Bíblia para todos (2009); Sociedade Bíblica de Portugal.
NVI: Nova Versão Internacional (2000); Biblica (IBS) e Editora Vida (Brasil).
OL: O Livro (2001); Biblica (IBS), Núcleo e Sociedade Bíblica de Portugal.

Créditos (bibliografia):
Na preparação destas reflexões os autores são gratos a muitas e diversas fontes que ajudaram a construir o seu pensamento. Em particular, devem ser referidas as excelentes ferramentas utilizadas para consulta e comparação dos textos bíblicos, a saber:

Bible Gateway (Gospel.com – Zondervan – HarperCollins Christian Publishing)
Biblica (International Bible Society)
You Version (Life.Church)